segunda-feira, 25 de abril de 2011

Andamos em círculos...

Páscoa! Comemoramos a Ressurreição, a fertilidade, o nascimento de boas novas...

Após o meu lindão AVAÍ F.C. me presentear com uma linda vitória em cima de nosso maior rival e na casa deles; a convite de um "amigo" e depois de dias desérticos; fui comemorar com muita alegria.

 O local onde estávamos, me remeteu a madrugada do dia 8 de março deste ano. Foi nesta, em pleno carnaval, que tive meu primeiro contato com o mundo complexo, poético e sofrido de Vinícius de Moraes.

Estranho, não?
Carnaval, bateria, blocos, máscaras, convite do mesmo amigo, dia da mulher e Vinícius de Moraes...
Claro que já o conhecia. Mas a partir de então passei a mergulhar em "seu" mundo.

E hoje, de volta à realidade e ao local físico que estava, para finalizar esse grande, intenso, triste, feliz, forte e maravilhoso dia de Ressurreição, após cantada a última música, o vocalista da banda declamou um lindo Soneto de Vinícius de Moraes: o da Separação!

Naquele momento saí de órbita...
Deslizei meus pensamentos naqueles versos...
Que presente!

Por isso me refiro ao andar em círculos.
Cada fase que vivemos, tudo nos direciona. O universo "conspira" de acordo com nossos pensamentos, nossas vontades, nossas energias emanadas...
A sensação que se tem muitas vezes é de que já viu aquilo, já presenciou, já esteve ali e agora está novamente.
Pode parecer confuso. Mas é para confundir mesmo. Se fosse simples, não precisaríamos parar para pensar, escrever e muito menos ler, pois já teríamos todas as respostas.

Quando conseguimos seguir, sem deixar muitas pendências é como se esse círculo pelo qual caminhamos não se repetisse. A medida que vão sendo solucionadas, repetem menos, menos e menos...

Essa declamação inesperada do Soneto da Separação, como também foi tudo inesperado no carnaval, encerram um ciclo (como está descrito de forma sublime por Fernando Pessoa em minha postagem anterior).

De oito de março à vinte e quatro de abril!
Do carnaval à Páscoa!
Do "dia da mulher" ao dia da Ressurreição de Cristo e assim, de todos nós!
Vinícius de Moraes eternizado estará... mas um ciclo encerrado está!

Beijos e Boa Semana a Todos!
   
Aqui está ele, se desmanchando para todos nós deliciarmos esta agonia:

Soneto da Separaçao
"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

 
Vinícius de Moraes


Sem mais palavras...

Um comentário:

  1. "De repente,não mais que de repente"
    adoro esse soneto! Vinicius é ótimo!
    muito legal seu blog, Patricia!
    beijo!

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