... "Sou alguém que descobriu que príncipe encantado não existe; que o mundo não é mais tão "cor de rosa" como se pensava; e que as pessoas não são tão boas e nem tão más como acreditamos" ...
Páscoa! Comemoramos a Ressurreição, a fertilidade, o nascimento de boas novas...
Após o meu lindão AVAÍ F.C. me presentear com uma linda vitória em cima de nosso maior rival e na casa deles; a convite de um "amigo" e depois de dias desérticos; fui comemorar com muita alegria.
O local onde estávamos, me remeteu a madrugada do dia 8 de março deste ano. Foi nesta, em pleno carnaval, que tive meu primeiro contato com o mundo complexo, poético e sofrido de Vinícius de Moraes.
Estranho, não?
Carnaval, bateria, blocos, máscaras, convite do mesmo amigo, dia da mulher e Vinícius de Moraes...
Claro que já o conhecia. Mas a partir de então passei a mergulhar em "seu" mundo.
E hoje, de volta à realidade e ao local físico que estava, para finalizar esse grande, intenso, triste, feliz, forte e maravilhoso dia de Ressurreição, após cantada a última música, o vocalista da banda declamou um lindo Soneto de Vinícius de Moraes: o da Separação!
Naquele momento saí de órbita...
Deslizei meus pensamentos naqueles versos...
Que presente!
Por isso me refiro ao andar em círculos.
Cada fase que vivemos, tudo nos direciona. O universo "conspira" de acordo com nossos pensamentos, nossas vontades, nossas energias emanadas...
A sensação que se tem muitas vezes é de que já viu aquilo, já presenciou, já esteve ali e agora está novamente.
Pode parecer confuso. Mas é para confundir mesmo. Se fosse simples, não precisaríamos parar para pensar, escrever e muito menos ler, pois já teríamos todas as respostas.
Quando conseguimos seguir, sem deixar muitas pendências é como se esse círculo pelo qual caminhamos não se repetisse. A medida que vão sendo solucionadas, repetem menos, menos e menos...
Essa declamação inesperada do Soneto da Separação, como também foi tudo inesperado no carnaval, encerram um ciclo (como está descrito de forma sublime por Fernando Pessoa em minha postagem anterior).
De oito de março à vinte e quatro de abril!
Do carnaval à Páscoa!
Do "dia da mulher" ao dia da Ressurreição de Cristo e assim, de todos nós!
Vinícius de Moraes eternizado estará... mas um ciclo encerrado está!
Beijos e Boa Semana a Todos!
Aqui está ele, se desmanchando para todos nós deliciarmos esta agonia:
Soneto da Separaçao
"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
Posso afirmar que em diversas fases de nossas vidas, nos altos e baixos que são os ciclos porque passamos, é muito bom poder encontrar palavras que digam o que estamos precisando ouvir (ler, refletir).
Encontrei no texto de Fernando Pessoa um grande conforto.
É difícil entender que, para que novos ciclos se realizem, outros precisam ser encerrados, principalmente quando não se quer encerrar um ciclo. No fundo, nós sempre sabemos quando uma etapa deve ser concluída. Nesse texto ele fala exatamente disso: de deixar que o que foi, se vá realmente...
Que sejam encerrados ciclos para que novos se realizem então!
Um abraço e deliciem-se com Fernando Pessoa.
ENCERRANDO CICLOS
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...
E lembra-te : “Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”.
Sempre quando me perguntam qual minha música preferida, sei que tem várias. Mas a que vem primeiro em mente é esta interpretada pela cantora Gabrielle, Out Of Reach. Tanto pela letra, pela voz dela e pela melodia.
Pela letra, com certeza todo mundo em algum momento de suas vidas passou pelo que ela descreve que sente.
Pode vir a pergunta: Estou passando por isso agora?
Independente disso, gosto dessa música em todos os momentos.
Ainda bem que a identicação com a letra não é sempre. Mas já foram várias vezes repetidos esse ciclo.
Abração a todos e curtam a letra, voz e melodia para os que se interessarem.
"Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a vinte e um de abril
Pela independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Para sempre há e ser lembrado."